terça-feira, 19 de abril de 2011

Mariana Pineda II - Prólogo


Mariana Pineda
(romance popular em três estampas)
Federico Garcia Lorca, 1925

Prólogo

Cenário representando o desaparecido arco árabe das Cucharas e perspectiva da praça Bibarrambla em Granada, enquadrando em margem amarelada, como velha estampa, iluminada de azul, verde, amarelo, rosa e celeste, sobre um fundo de paredes negras. Uma das casas estará pintada com motivos marinhos e guirlandas de frutas. Luar. Ao fundo, as meninas cantarão com acompanhamento o romance popular:

Oh, que dia tão triste em Granada
que até às pedras fazia chorar
ao ver a Marianita morrendo
num cadafalso, por não delatar!

Marianita sentada em seu quarto
Não parava de considerar:
"Se Pedrosa me visse bordando
a bandeira da Liberdade, ah!"

(Mais longe)
Oh, que dia triste em Granda,
nos seus sinos dobrar dobrar!

(De uma das janelas assoma uma MULHER com um candeeiro aceso. Cessa o coro)

MULHER
Meninas! Me ouves?

MENINA (De longe)
Já vou!

(Sob o arco aparece uma MENINA vestida segundo a moda do ano de 1850, que canta)

Como lírio cortaram o lírio,
como rosa cortaram a flor,
como lírio cortaram o lírio,
Mais formosa no de alma ficou.

(Lentamente, entra em casa. Ao fundo, o coro continua)

Oh, que dia triste em Granada
Que até às pedras fazia chorar!

Pano Lento

[Moldura noturna: Luar, enquadramento em margem amaleda, fundo de paredes negras. Encaixamento: esta cena incial é de vinte anos depois do sacrifício de Mariana, cuja história é já romance popular. O canto das meninas antecipa o fim de Mariana, que ao final morre encantada pelo delírio de permanecer viva, morrendo pela Liberdade e pelo Amor: "mais formosa no de alma ficou"]

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