domingo, 15 de maio de 2011

Frankenstein IX - Capítulo 2

 
Frankenstein
Mary Shelley
L&PM, 2010

Capítulo 2
 
 A vida de Victor é narrativamente o relato de seus estudos, salpicados de gotas de informações adicionais e mundanas. Uma viagem aqui, registro de amizades ali. Tudo gira como uma obsessão. Seu único amigo escreve histórias de bruxarias, novelas de cavalaria e gosta de aventuras e até de perigos. Já podem ser vistos alguns espelhos, creio. Riqueza e pobreza, serenidade e agitação, Victor e Elizabeth... Dois fatos: a) encontro do livro de Cornelius Agrippa, que leva Victor a Albertus Magnus e Paracelso (a primeira base de sua formação e interesse) e b) o visão do raio que fulmina o carvalho (o ponto de partida para a segunda base, a matemática), que o leva à mecânica newtoniana. Atendendo finalmente o alerta feito pelo pai, deixa o terreno "imposível" da alquimia e passa e se dedicar a uma ciência que se apoiava em alicerces firmes. Anúncio da destruição e da desgraça. "Assim são estranhamente construídos os nossos espíritos, e por esses laços tão frágeis somos ligados à prosperidade ou à ruína. Quando olho para trás, é como se esta quase milagrosa mudança de tendência e da vontade fosse a imediata sugestão do anjo da guarda da minha - o último esforço feito pelo espírito de conservação para afastar a tempestade que pendia das estrelas e estava pronta para me envolver. Sua vitória foi anunciada por uma incomum tranquilidade e alegria de espírito que se seguiram ao abandono de meus antigos, e ultimamente, atormentadores estudos. Foi assim que eu aprendi a associar o mal à sua continuação e a felicidade à sua interrupção. Foi um grande esforço do espírito do bem, porém inútil. O destino era muito poderoso, e suas leis imutáveis haviam decretado minha destruição completa e terrível".  Com este "terrível", então, finalmente, estamos diante de uma história de terror.

Imagem: Google images (cena de Un chien andalou, de Buñuel)

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